Com o passar dos anos, a carreira do personal trainer evolui e, em muitos casos, ele chega a um ponto no qual tem fila de espera de alunos que desejam treinar com ele. Só que a profissão também apresenta desgastes para o profissional, que precisa se deslocar entre diversos bairros para poder atender seus alunos. Com essas perspectivas em vista, há quem opte pela abertura de um estúdio próprio, no qual o aluno vai até ele. Givanildo Matias, diretor da rede Test Trainer (www.testtrainer.com.br), explica que a principal diferença entre o estúdio e a academia convencional está, não apenas no tamanho, mas também na estrutura de atendimento dos alunos. “Vai ser uma miniacademia, com os equipamentos que o personal usa e com capacidade de atendimento reduzida (até seis alunos, em média). O personal trainer precisa de menos recursos do que uma academia e mais competência técnica para desenvolver um trabalho exclusivo ou semi exclusivo com cada aluno”, explica.
Além da parte técnica, o personal trainer também precisa estar “afiado” com os conhecimentos de gestão para poder fazer um planejamento financeiro adequado e, principalmente, fazer o estúdio caminhar sozinho e gerar lucros.
Vantagens
“O estúdio, a meu ver, é uma evolução do trabalho do personal trainer tradicional, que começa a ter mais procura e sente a necessidade até de contratar gente pra trabalhar com ele, porque tem mais clientes do que consegue atender. É o público que tem mais know-how e que mais vale a pena investir na abertura do estúdio”, aposta Matias.
Ao fazer essa escolha, é preciso analisar as regiões nas quais o personal atende para poder identificar o melhor local para o seu público e checar a facilidade de comunicação com a região, se tem parceiros por ali e, obviamente, avaliar a capacidade de investimento e retorno do empreendimento para tentar minimizar erros.
Susana Figoli é sócia-diretora de Inteligência de mercado da Geofusion (www.geofusion.com.br), maior empresa de Geomarketing do Brasil, é professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Fundação Instituto de Administração (FIA), e destaca que há uma máxima que diz que há três fatores importantes para o sucesso de um negócio: localização, localização e localização! “Um erro na localização pode ser fatal. Acertar nesse quesito significa abrir o negócio onde seu público-alvo está ou onde ele consegue chegar facilmente. Poucos são os negócios que conseguem se esconder e dar certo.”
No caso dos estúdios de personal trainer, Susana recomenda que se pense nos alunos prioritariamente, porque eles certamente querem comodidade, facilidade de acesso e não passar horas no trânsito para chegar até o profissional de educação física. “Uma pergunta que precisa ser feita é: em que momento o público busca este serviço? É melhor que ele esteja perto de casa ou do trabalho? Ou no meio do caminho? Para escolher a localização do estúdio deve-se entender o comportamento do público-alvo e pensar em que momento ele vai usar o serviço e quantas vezes por semana.”
A escolha do ponto
O imóvel no qual o estúdio será sediado também é determinante para o sucesso do estúdio. Há profissionais que sublocam salas em clínicas médicas e de estética e até mesmo em academias para poder prestar seus serviços. Givanildo Matias recomenda que o imóvel esteja em uma região estrategicamente boa e em bom estado de conservação e que seja, preferencialmente térreo e, mesmo sendo pequeno, precisa ter uma boa estrutura, com sala de espera, sala administrativa para a realização de avaliações físicas, a sala de aula em si e, pelo menos, um banheiro com chuveiro.
A análise da região também se faz importante. Afinal, é preciso que seja um local de fácil acesso para os alunos. Se o foco do personal são alunos de classe C e D, é preciso que haja proximidade com estações de metrô e trem e pontos de ônibus, todavia o ponto nunca deve ser na frente do estabelecimento para que não “tampe” a fachada e impeça que quem passa na rua veja que ali funciona um estúdio. Já para as classes mais altas, é imprescindível que o local tenha estacionamento.
Quanto aos concorrentes, Susana diz que ela é importante para alguns tipos de comércio onde a compra é feita por comparação de modelos e preços, como lojas de automóveis e roupas, mas no caso dos estúdios, por ser uma prestação de serviços, ter ou não concorrência é uma questão neutra, já que o mais importante é fazer com que o público-alvo saiba da existência do estúdio. “Claro que é muito importante saber quem é a concorrência que está ao seu lado, o tipo e a qualidade dos serviços, os preços praticados, a comunicação que usam, tudo para melhor se posicionar e diferenciar. Porque aí sim a concorrência pode ser um gerador de alunos, que podem estar insatisfeitos e procurando um lugar onde sejam melhor atendidos e de forma personalizada.”
Susana destaca que é preciso saber quanto as pessoas estão dispostas a se deslocarem para chegar até o seu estúdio para determinar o tamanho da região que será atendida pelo empreendimento – o que é fundamental para determinar, inclusive, as ações de marketing desse profissional. “O geomarketing permite que essa tomada de decisão sobre o local onde o negócio será aberta seja mais assertiva, já que consegue analisar uma cidade inteira e, por meio de filtros, selecionar as regiões de maior interesse e, dentro destas, os melhores quarteirões para a abertura do estúdio. Também permite que se faça uma comunicação dirigida selecionando, por exemplo, no mapa da região de interesse, quais são as pessoas com o perfil desejado que ali moram ou trabalham e fazer uma ação de e-mail marketing ou mala direta, por exemplo. Também permite manter um controle dos clientes, analisando, por exemplo, de onde eles vêm e onde seria ideal fazer uma campanha de comunicação ou até abrir uma segunda unidade”, explica.
Investimentos
Matias conta que os estúdios padrão têm, em média de 50 a 70 m² e requerem, aproximadamente, R$ 70 mil de investimento, podendo faturar de R$ 12 a R$ 15 mil por mês. “Mas é importante ele saber que, muitas vezes, não vai ter nem faxineira e vai ter que fazer tudo. Tem que abraçar a causa, abrir e fechar, cuidar de todos os detalhes até começar a fazer o nome”, destaca.
Além do imóvel, o profissional vai precisar lembrar que parte do investimento será usado na compra de equipamentos como bolas suíças, medicine balls, cintos de tração, minitrampolins, apoio para halteres e até mesmo uma esteira e/ou bicicleta e que não é possível dizer que ele vai ter mais retorno com o estúdio do que como personal, mas terá um bom faturamento. “Ele não precisa largar a carreira de personal também, pode levar no meio a meio”, ensina Matias.
A cultura empreendedora também deve ser forte no personal trainer que decide abrir seu próprio estúdio, ainda mais porque ele vai passar a ter custos fixos que devem ser analisados para não trazer prejuízo. Há diversos cursos que podem ser feitos, inclusive na Test Trainer, que tem um sobre Gestão de Estúdios, que tem agenda disponível no site, e os de empreendedorismo do Sebrae.
Fonte: Portal EF