Apps ajudam a estimular prática esportiva, mas não substituem o auxílio do profissional de educação física

Eles contam calorias, teor de gordura, auxiliam a memorizar séries de exercícios e até explicam quais movimentos ajudam a perder mais peso. Centenas de aplicativos gratuitos de atividades esportivas são oferecidos aos usuários de tablets e smartphones em vários idiomas. Mas especialistas alertam que o “personal trainer virtual” não substitui o profissional da área e que, basear-se apenas na tecnologia para os exercícios pode oferecer riscos à saúde.
 
 
Antes de iniciar qualquer atividade física, os especialistas afirmam que é indispensável passar por orientação médica para verificar se as condições de saúde permitem a prática de exercícios. Até mesmo os treinamentos moderados podem oferecer riscos a quem é portador de doenças cardiovasculares ou sofre de hipertensão e diabetes, por exemplo.
 
“A avaliação deve ser sempre realizada por um médico, visto que cada caso precisa ser individualizado levando-se em conta os fatores de risco de cada um. Pessoas portadoras de certos tipos de arritmias, como as ‘ventriculares’, têm risco de parada cardíaca e de morte súbita durante o esforço”, alerta o cardiologista do Hapvida, Fausto Costa Mendes.
 
“Os aplicativos não medem, por exemplo, níveis de força e de flexibilidade, além da postura corporal. Por isso, a possibilidade de erro é muito grande”, afirma o professor de educação física e doutor em Fisiologia, Adriano Loureiro. Segundo ele, que também é integrante do Conselho Regional de Educação Física da 5ª Região (CREF5), a prática incorreta dos exercícios pode ocasionar lesões musculares e de articulações.
 
“A ferramenta pode induzir a pessoa a fazer uma atividade inadequada e, com isso, ter uma lesão”, explica Loureiro, sobre pequenas correções de postura, ângulos articulares e regulagem da intensidade de carga no exercício, que são fundamentais para um treino correto e, consequentemente, para a saúde.
 
No entanto, o especialista diz não ser contra o uso dos aplicativos para estimular o início da prática esportiva e eliminar o sedentarismo. Mas reitera que resultados a longo prazo só aparecem com acompanhamento profissional. “Qualquer ferramenta que estimule é bem-vinda. Só que ele (aplicativo) tem um limite. A pessoa pode até ter um resultado imediato, mas, com o passar do tempo, vai querer melhorar sua aptidão física e não vai conseguir sem orientação profissional, que é sempre muito mais completa”, assegura.
 
Calorias
 
A jornalista Yanna Vasconcelos conta que começou a usar Apps em 2011 para contar as calorias que ingeria e que gastava nos exercícios. “Comecei a usar um aplicativo que contava calorias e troquei várias vezes de ‘app’, até que encontrei um que gostava bastante. Era legal saber quanto de gordura, de proteína e de carboidratos eu comia e ver uma evolução nas semanas e meses. Já tinha esse hábito de escrever tudo que eu comia. Foi assim que consegui emagrecer oito quilos”, relata.
 
Praticante de musculação e muay thai, Yanna conta que deixou de usar as ferramentas de celular quando notou que não fazia tanta diferença na variação de seu peso. “Com o aplicativo, muitas vezes, eu acabava me boicotando, colocando calorias a menos. Mesmo sabendo que tinha comido mais. Até que parou de fazer sentido ficar contabilizando calorias. Deixei de usar o aplicativo há uns quatro meses e meu peso continua o mesmo”.
 
Iniciantes
 
Para os iniciantes na prática esportiva, Adriano Loureiro indica atividades com baixo impacto para evitar contusões. “No começo, deve-se tomar muito cuidado com o impacto do exercício. A caminhada, o ciclismo, a hidroginástica ou a natação são esportes que trabalham bem os movimentos e são de baixo impacto”, diz o profissional de Educação Física.
 
Orientação médica
 
No caso dos obesos, segundo o cardiologista Fausto Costa, o exercício deve ser realizado de forma progressiva. Ele indica a caminhada ao ar livre ou na esteira para pessoas acima do peso que pretendem iniciar a prática de exercícios. Para os fumantes, o médico disse que não há restrições. “Os fumantes não têm restrições para atividade física desde que bem avaliados bioquímica e fisicamente. Isto serve também para os obesos que, após avaliação médica, devem iniciar a atividade de forma progressiva para adaptar o físico ao sistema cardiovascular”, explica o cardiologista.
 
Matéria publicada pelo site G1

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