Quando chega o friozinho, as pessoas querem mais é ficar encolhidas num cantinho e optam, em sua grande maioria, por escapar da academia. No caso das atividades aquáticas, como natação, hidroginástica, entre outras, a distância aumenta proporcionalmente à queda dos termômetros. Além da preguiça de se exercitar, muitos pais preferem não levar os filhos à natação com medo de que eles se resfriem ao sair da água quentinha.
Rafaele Madormo é diretor do Instituto de Natação Infantil e conta que a queda na frequência durante o inverno já foi muito maior no passado e, atualmente, é causada, também, pelas férias escolares. “Os pais estão se conscientizando da importância da atividade física, mesmo no inverno, que ajuda a fortalecer o sistema imunológico da criança e ela não vai se resfriar só porque está fazendo natação.”
O gestor da academia Rubel, Rogério Soares, conta que a frequência cai, em média, 20% no período do inverno e a procura pelas atividades aquáticas chega a ter uma redução de até 50%. “É um conjunto de fatores que levam as pessoas a se ausentarem: o frio dá preguiça, as crianças ficam mais suscetíveis aos resfriados e os pais, por cuidado exagerado, não as trazem à natação”, justifica.
Pintou um clima
A influência do clima no humor das pessoas é nítida e quando “São Pedro” resolve protestar, as pessoas se sentem menos empolgadas pra treinar. “O adulto tem uma preguiça muito mais presente e acaba preferindo não ir à academia se o clima estiver frio ou chuvoso. Arruma desculpa, em especial para as aulas de hidroginástica. O cara que gosta de nadar vai para piscina naturalmente, porque é mais disciplinado e vê no exercício uma atividade complementar do seu treino, uma parte natural da sua vida”, explica Madormo, que diz que a dedicação do profissional de educação física nessas horas é de fundamental importância para instigar os alunos a não desistirem da atividade. “O envolvimento dele faz toda a diferença. Ele tem que levar informação para esse aluno, explicar que no inverno há maior propensão para engordar, que se não se exercitar, depois pra recuperar o peso vai ser difícil etc”, sugere o diretor do Inati.
A divulgação das atividades aquáticas deve ser mantida mesmo nas “intempéries”, mas o preço não deve ser modificado em razão da baixa procura: “isso é errado. Tem que trabalhar a conscientização das pessoas e mostrar que no inverno a atividade física se torna ainda mais importante para que ela não engorde e fortaleça seu sistema imunológico”, aposta Rafaele Madormo.
As aulas também podem ser diferenciadas, em especial para as crianças. Por ser um período de férias escolares, é indicado que os profissionais de educação física apostem em atividades mais lúdicas e descontraídas, fora da rotina de treinamento, para que os pequenos também tenham vontade de cair dentro d’água e deixem a preguicinha de lado. “As aulas mais lúdicas e mais descontraídas certamente servem de atrativo para todos os públicos”, diz Soares.
Investimento
Por conta da queda na procura das atividades aquáticas, o mês de julho se torna o ideal para que o gestor dê férias aos seus funcionários e também para que os incentive a procurar cursos de capacitação e aprimoramento. “É uma boa época para os cursos de reciclagem, mais intensivos e para as férias dos profissionais porque conseguimos trabalhar com uma equipe mais enxuta, já que a queda é normal. Usamos o período também para planejar o segundo semestre, já que ele marca essa transição no ano e, como os profissionais acabam tendo mais tempo livre, pedimos para que eles já desenvolvam as atividades que vão trabalhar nos próximos meses”, conta o gestor da Rudel.
As reformas podem ser bem-vindas, dependendo da estrutura da academia. Madormo indica que prefere realizar as mudanças estruturais constantemente e, caso tenha que reformar algo grande, demorado, então prefere o fim do ano, na época de dezembro e janeiro, quando as férias de verão costumam “roubar” os alunos e a sazonalidade bate na porta de muitas academias.
Soares destaca que, já que muita gente se afasta por conta do frio, a academia pode ser adaptada nessa época para minimizar a sensação térmica. Assim, pode-se colocar tapetes na beira da piscina para que as crianças não pisem no chão gelado, pode-se colocar portas nos corredores que têm vento encanado e até luzes mais fortes no vestiário para ajudar a aquecer o ambiente. “E os professores devem conversar com os pais para que eles tirem a criança da piscina com roupão até o vestiário, seque os cabelos antes de sair da academia, enfim, transmitam uma série de detalhes que ajudam a minimizar o fator frio.”
“Essa coisa da temperatura está na cabeça das pessoas. Tem que conscientizar, informar e aí elas vão ver que a atividade física é importante o ano todo e dentro da água dá pra fortalecer o corpo como um todo”, conclui Rafaele Madormo.
Fonte: Portal EF