Dados coletados na avaliação física ajudam na composição de treinamento adequado e torna a prática esportiva muito mais satisfatória aos alunos.
A avaliação física é entendida como um procedimento técnico, que coleta informações para verificar a atual condição física do avaliado, e assim, tornar possível a prescrição de um programa de exercícios direcionado e personalizado. Por meio da avaliação, o profissional obtém informações para identificar a melhor atividade para o aluno, além da intensidade e frequência, respeitando a individualidade biológica de cada um.
De acordo com o Documento de Intervenção Profissional de Educação Física, apresentado pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), a avaliação física tem “o objetivo de avaliar o condicionamento físico, os componentes funcionais e morfológicos e a execução técnica de movimentos, objetivando orientar, prevenir e reabilitar o condicionamento, o rendimento físico, técnico e artístico dos beneficiários”. No entanto, alguns profissionais e empresas do setor não realizam a orientação física, ou até mesmo, aplicam o procedimento, mas sem uma reavaliação periódica, fazendo com que o processo se torne apenas uma fonte extra de renda.
Avaliação Física vai muito além do objetivo do aluno
Segundo Mário Pozzi, facilitador da Certificação em Avaliação Física Performa, “se não houver uma preocupação do profissional em buscar o resultado que o aluno apresentou como objetivo, a avaliação e prescrição tendem, em grande parte, falhar e desiludir os clientes em relação à atividade”.
Já para Luciano Saragossa, responsável técnico do Laboratório de Avaliação Física da Anhanguera Educacional (Campus Guarulhos), os alunos não sentem a importância da avaliação por conta da aparência comercial que alguns profissionais e empresas acabam transmitindo. “Muitas vezes é realizada uma avaliação física inicial e depois de algum tempo essas informações ficam abandonadas. Então, a pessoa tem uma breve noção da sua condição física, porém ao invés da avaliação servir como aspecto motivacional, ela detona a autoestima do aluno, já que ele não está vendo seus resultados”, explica Luciano. “Por isso, quando um aluno diz que a avaliação e reavaliação não servem para nada, eu respondo que não servem para nada e para isso, isso e isso”, brinca.
O que uma boa Avaliação Física deve ter?
Uma avaliação física deve conter, no mínimo, anamnese, medidas circunferenciais, composição corporal, análise postural, testes de flexibilidade, força e cardiorrespiratório. Portanto, para uma avaliação de qualidade é necessário à utilização de critérios e protocolos bem selecionados, que forneçam dados quantitativos e qualitativos, capazes de indicar com precisão a real situação do avaliado.
Avaliação Física: profissional de Educação Física deve ter domínio técnico de adipometria
Ter olho clínico aguçado também é requisito para um bom avaliador. “Não estudamos para diagnosticar doenças, mas se verificarmos algo errado, por que não indicar um trabalho multidisciplinar? É importante orientar e indicar a orientação médica ao aluno quando perceber algum problema, além de estar apto para identificar esses transtornos”, explica o técnico da Anhanguera Educacional.
Conhecimento em PNL é importante na Avaliação Física
Saragossa explica que também é importante o conhecimento em PNL (Programação Neurolinguística) para saber lidar com todos os tipos de alunos na anamnese, evitando certas palavras e gestos, que podem tornar a entrevista fria e distante. Ele exemplifica o fato das mulheres terem que se despir durante a avaliação, que pode ser algo complexo para as mesmas, porém existem técnicas que podem tornar o momento mais confortável e menos traumático. “É muito importante começar a avaliação com uma excelente entrevista para entender o que realmente conduziu o aluno até ali. Além disso, vale mostrar que existem vários fatores que podem impactar na rotina de atividade dessa pessoa, como frio, chuva e trânsito. O aluno tem que entender que ele deve colocar a atividade física como uma mudança de hábito, ou então, ele acaba se desmotivando rápido”, detalha.
Qualificação é o primeiro passo para se tornar um bom Avaliador Físico
Com isso, é possível perceber a necessidade do aperfeiçoamento e da qualificação dos profissionais de Educação Física, principalmente quando se trata de avaliação física e prescrição de exercícios. Cursos e certificações podem aumentar o domínio em planejamento, acompanhamento e prescrição, e assim, melhorar a qualidade das atividades realizadas. “Existem cursos e certificações que orientam os profissionais a realizarem uma avaliação física de qualidade, e isso se torna um diferencial no mercado, que sofre com a escassez de avaliadores especializados e certificados”, explica Mário, afirmando que “além dos parâmetros, é fundamental entender o objetivo do aluno para obter eficácia na avaliação física. O mais importante é tornar esse objetivo algo possível”.
Kit básico de Avaliação Físcia pode variar de R$500 a R$2 mil
No caso do personal trainer, que muitas vezes enfrenta dificuldades na terceirização da avaliação física por conta de locomoção e disponibilidade de horários dos clientes, esse aperfeiçoamento acaba se tornando fundamental. Como o personal trainer faz um trabalho de acompanhamento individual e personalizado, para evitar lesões e garantir a execução correta dos exercícios, a avaliação física é de extrema importância. “O personal trainer em a chave do sucesso nas mãos, pois além dele aplicar o próprio treino, a aproximação com o aluno acaba sendo maior, facilitando um trabalho satisfatório e gratificante quando o avaliado entende a importância da prática”, afirma Mário. De acordo com os entrevistados, um kit básico de avaliação física deve conter uma balança portátil, compasso de dobras, fita métrica, frequencímetro e estadiômetro. Um kit pode variar de R$ 500,00 a 2 mil reais.
Não basta apenas uma avaliação física, aluno deve ser reavaliado periodicamente
O correto é que o aluno faça periodicamente a reavaliação, permitindo comparações para o acompanhamento do seu progresso, tanto de forma positiva ou negativa. Com isso, é possível reciclar o programa de treino e estabelecer novas metas. Segundo os especialistas, essas reavaliações devem ser realizadas de acordo com as necessidades de cada aluno, e podem ser feitas semanalmente ou até mesmo de 90 em 90 dias.
Vale ressaltar que a avaliação física representa mais um serviço disponível ao cliente, que se sente mais satisfeito com o compromisso ético e social transmitido. É importante destacar que a avaliação física não implica na diminuição de captação de matrículas, mas sim, representa uma estratégia de qualidade em atendimento, responsabilidade social e jurídica e, principalmente, fidelização dos clientes.
“É um processo rentável para todos os núcleos. Para o avaliador físico, pois é possível ter um ótimo retorno financeiro; ao empreendedor (dono de academia), pois motiva os alunos a treinar; e ao aluno, pois é altamente satisfatório ver que o esforço, de forma qualitativa, trouxe resultados”, ressalta Luciano, finalizando que “a avaliação física é uma ferramenta valiosa, que devemos investir e aperfeiçoar cada vez mais”.
Por Jornalismo Portal EF*
**Consultoria Técnica por Givanildo Matias, Test Trainer.