Artes marciais são apontadas como atividades perfeitas para quem já passou dos 50 anos

Tomando ela própria como exemplo, a sensei Eni Fantini, de 80 anos, destaca o bem que a arte marcial pode fazer e trazer para a vida das pessoas
A ideia é assumir o papel de guerreiros em busca da saúde e do bem-estar. No século 21, com o turbilhão do cotidiano, o ritmo frenético e o estresse galopante, para ter qualidade de vida é preciso se transformar em verdadeiros samurais, comprometidos com a mente e o corpo sãos. Se, num primeiro momento, parece estranho, saiba que as artes marciais são apontadas como atividades perfeitas para quem já passou dos 50, 60 e até dos 70 anos… É isso mesmo! Kung fu, caratê, aikido, jiu-jítsu e tai chi chuan praticadas com o devido cuidado são garantia de vitalidade e prevenção de doenças.
Desenvolvidas originalmente como métodos de autodefesa, as artes marciais assumiram, ao longo da história, diversos papéis. Já não são treinamentos para guerreiros em conflitos. Hoje, são vistas (principalmente no mundo ocidental) como esporte, e praticadas por estética. Com tradição milenar, jamais perderam a essência da defesa pessoal e o enfoque na formação do ser humano. É uma filosofia de vida.
Nos dias atuais, com vilões como o sedentarismo, a obesidade, as disfunções alimentares e a depressão, as artes marciais, não só como atividade física, são cada vez mais importantes para quem deseja uma existência saudável, com corpo, alma e espírito em sintonia.
Do Rio de Janeiro, o sensei Naoyuki Hirakawa, graduado em vários estilos de caratê, muito respeitado no meio e não só no Brasil, diz que, “com várias direções e movimentação diferente o corpo fica equilibrado e desenvolvido. Não se escolhe lado numa luta. A arte marcial de verdade, diferentemente do esporte, é equilíbrio, não tem preferência por golpe”. Com seus 71 anos, cerca de 1,50m e não mais que 50 quilos, parece incrível, mas Naoyuki controla com facilidade pessoas com o dobro do seu peso. “As artes marciais são bem antigas. Então, para que treiná-las no mundo moderno? Metade da minha vida fui fanático. Com o tempo e a idade, entendi para que elas servem nos dias de hoje. No treinamento há confronto, mas antes do contato físico tem o mental. Sem isso seria apenas força bruta. Elas começaram junto com o pensamento budista, têm ligação com o budismo antigo e, por isso, é uma filosofia rica e profunda, que traz saúde. As artes marciais oferecem equilíbrio mental e proporcionam estabilidade emocional. Não dá para esquentar a cabeça à toa.”
Os benefícios chegam não só num corpo em forma, mas protegido (ou mais resistente) a doenças e com ganho extra de flexibilidade, elasticidade, agilidade. Enfim, tudo que fará diferença para melhorar o dia a dia. As artes marciais atuam tanto no lado físico quanto no psicológico. Na China, elas são usadas há séculos como exercícios para a saúde, respeitando a particularidade da idade. As lutas, cada uma com suas características, desenvolvem diversas aptidões físicas que os idosos precisam para ter qualidade de vida. Atuam na concentração e rapidez de raciocínio. Sem falar no desenvolvimento da disciplina, da socialização, do companheirismo, da autoconsciência e do lazer.
Mineira de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a sensei Eni de Oliveira Fantini, de 80, dá aulas de desenvolvimento de ki (ou ki aikido), que é a parte filosófica do aikido. Ela revela o bem que a arte marcial pode fazer e trazer para a vida das pessoas, tomando-a como exemplo. “Ela é o meu trabalho final na Terra, criar relacionamento com pessoas e grupos e, neste nível, ser respeitada na minha dignidade e ver o outro como igual. O ki aikido me dá essa oportunidade e o faz por meio do corpo e não só pelas palavras, mas pelo movimento conjunto, em dupla e com o grupo todo. O corpo aprende e nos proporciona a chance de nos sentirmos bem e enxergar o outro.”
Filosofia de vida
Com respeito aos ensinamentos passados, senseis destacam princípios, benefícios, valores e a contribuição das artes marciais na promoção do bem-estar físico e emocional do praticante
O sensei Naoyuki Hirakawa (de preto) usa o boken (bo – madeira e ken – espada), que representa as características de forma, peso e balanço de uma katana, a icônica espada samurai
O homem é corpo e mente. Uma atividade que proporcione bem-estar físico e emocional é o encontro perfeito para manter o equilíbrio. O aikido é a arte marcial adotada pelo sensei Alcino Lagares, de 67 anos, para caminhar nesta existência. São 31 anos de prática, 5º dan e um aprendizado sem fim. Ele conta que o aikido faz parte da sua vida, assim como a filosofia. Aos 6 anos, ele encontrou, num canto da casa do avô, o livro Manual de filosofia, de Theobaldo Miranda Santos. “Eu tinha muitas perguntas, me encontrava pensando neste mundo e, com receio de perguntar aos adultos, encontrei nesse livro muitas respostas, e mais perguntas. Aos 9, 10 anos, depois da missa de domingo, ia para a matinê, em Governador Valadares, e, antes de passar o filme, vi uma luta dos Gracie (família responsável pela difusão do jiu-jítsu no Brasil e idealizadora do estilo da arte marcial brasileira conhecido mundialmente). Fiquei impressionado. Comprei, por reembolso, um livro de defesa pessoal e comecei a fazer os movimentos em casa com uma cadeira, de acordo com os desenhos. Treinava sozinho.”
Aos 16 anos, Alcino passou no concurso para a Polícia Militar (hoje, é da reserva, tendo feito carreira de cadete a coronel), e foi onde teve contato real com a defesa pessoal. Apanhou muito antes de aprender e se tornar faixa preta de judô. Em 1969, ao assistir a uma apresentação de aikido no Rio de Janeiro, se deparou com o destino, que só se revelaria anos depois, em 1984, quando passou a treinar com um professor da colônia japonesa de Belo Horizonte. “Encontrei a identidade do que buscava quando criança, que é a proteção às pessoas. Nada tenho para ensinar, posso, sim, ajudar alguém a aprender. Faço isso com pessoas de todas as idades, por meio do aikido, arte marcial com a filosofia de proteção do ser humano, que entende que toda agressão parte de um indivíduo desequilibrado. O normal não é agredir o semelhante. O aikido não tem objetivo de derrotar, e, sim, fazer a pessoa perceber como está agredindo alguém. Nas palavras do fundador, se você derrota uma pessoa, será o vencedor, mas será invencível se derrotar você próprio, como a violência, ignorância, o preconceito. Nós existimos para viver em paz, de forma cooperativa.”
Sensei Alcino Lagares, de 67 anos, diz que o aikido não tem objetivo de derrotar, e, sim, fazer a pessoa perceber como está agredindo alguém.
EQUILÍBRIO
O caratê está enraizado na vida do sensei Naoyuki Hirakawa. Com conhecimento, ele alerta que a arte marcial de verdade é o equilíbrio. E todos podem fazer. Não importa se você tem 10 ou 60 anos, porque há um nível de acordo com cada idade e inúmeras técnicas. Naoyuki, que desenvolveu um estilo próprio chamado mugen ryu (ryu é escola ou estilo, e mugen significa evolução contínua, trata-se de um estilo fluido, leve, preciso e poderoso, que mescla mãos livres e espada), aos 71, dá aulas de kenjutsu (arte da espada), jojutsu (arte de bastões) e taijutsu (arte de mãos livres). Sábio, ele lembra que não é necessário sofrer para aprender. “O aprendizado tem de ser alegre e divertido. O sofrimento físico pode ser, mas o mental não. O espírito tem de ser leve.”
Já o sensei Alcino avisa que o aikido é o caminho da harmonia e vai além dos benefícios de uma atividade física, com aquecimento muscular, movimentos corporais, lições para aprender a cair sem machucar, ter flexibilidade, agilidade, técnicas para derrubar, imobilizar, uso de bastões e espadas. Há o exercício intelectual e o desenvolvimento de uma forma de energia interior, uma força do espírito que unifica mente e corpo. “Fazemos coisas pouco comuns, como alguém com o dobro do meu peso não conseguir me empurrar. Tudo por causa da projeção de energia. Por isso, dizemos que não ensinamos, mas ajudamos o outro a aprender, a se desenvolver, assim como a respirar pelo diafragma e diminuir a ansiedade, ficar mais tranquilo e ter equilíbrio emocional. O aikido nos dá tudo isso. Não é o ponto de chegada, mas o lugar para percorrer ao longo da vida.”
Não existe nenhum segmento da população que obtenha mais benefícios com a atividade física do que os idosos. A arte marcial promove, entre outros, força muscular e equilíbrio.
“A memória mais lúdica e remota que tenho da minha infância são as aulas de judô, que meu pai, faixa marrom e campeão mineiro dessa modalidade, tinha paciência e prazer em me treinar. Por meio dos seriados e filmes de artes marciais da década de 1980 conheci o kung fu. Dos 12 anos até agora, aos 42, pratico com o mestre Robson Antônio Lopes Pires. Hoje, percebo o quanto o kung fu é importante em minha vida. Perseverança, concentração, flexibilidade física e mental, compaixão, empatia e respeito ao próximo são os frutos que colhi. Recursos fundamentais que sempre utilizo na minha vida pessoal e profissional. Ouso dizer que até minhas escolhas profissionais sofreram influência da disciplina das artes marciais”, revela Cristiano Miranda, cardiologista do Hospital Lifecenter, que completa: “Minha paixão e engajamento começaram no fim da minha primeira aula com o mestre Robson. Ele pediu para que aquelas crianças se sentassem e nos ensinou a respirar em meditação. Antes de sair da sala, disse uma frase que define a pura essência das artes marciais, pautadas em filosofia edificante – ‘O céu manda água à terra, mesmo sabendo que a terra jamais lhe mandará flores’”.
Cristiano é um entusiasta das artes marciais e não vê problema em idosos adotá-las, desde que observem as opções e a saúde física para escolher a modalidade e o estilo. “É bom avaliar as condições cardiovasculares, osteomusculares, bem como outras doenças presentes. É importante ressaltar que, mesmo tendo alguma doença, raramente o idoso terá contraindicação à atividade física, desde que seja avaliado por um cardiologista ou um médico especialista em medicina esportiva, com a prescrição do exercício a ser realizado. É importante trabalhar de forma multidisciplinar com o fisioterapeuta e o educador físico, para a aplicação correta das atividades e de intensidades.”
Para o cardiologista Cristiano Miranda, os mais velhos são extremamente respeitados, acolhidos e venerados dentro dessas artes.
O cardiologista, que atende e acompanha atletas, lembra que as artes marciais para compreensão ocidental são definidas como práticas físicas e mentais com o objetivo de desenvolvimento da saúde física, mental e filosófica. “Além da defesa pessoal, é uma forma de forjar o caráter com autoconfiança, mantendo o respeito ao próximo. Praticada por crianças e jovens, deve ser estimulada para os idosos. Os mais velhos são extremamente respeitados, acolhidos e venerados dentro dessas artes, seja pela experiência de vida fora ou dentro das academias, seja pelo conhecimento das técnicas passadas de geração a geração.”
INDEPENDÊNCIA
O médico lembra que, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é aquele acima de 60 anos. No Brasil, houve um aumento da população idosa de 280% em cinco décadas. “O processo de envelhecimento reduz drasticamente a massa, a força e a potência musculares, diminuindo a capacidade de execução das atividades da vida diária. Portanto, não existe nenhum segmento da população que obtenha mais benefícios com a atividade física do que os idosos. A arte marcial é uma excelente opção a ser estimulada. Ela promove flexibilidade, relaxamento, força muscular, equilíbrio e coordenação motora, condicionamento cardiorrespiratório, concentração, facilitando a possibilidade de ser mais independente para os afazeres diários, atividades ocupacionais e de recreação.”
Cristiano explica que, com o passar dos anos, as artérias vão perdendo a elasticidade, tornando-se mais rígidas. Essas modificações levam ao aumento da pressão arterial (60% mais frequente nos idosos), dificultando o trabalho do coração e facilitando o surgimento de doenças do sistema cardiovascular (DCV), como o infarto do coração, o acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame cerebral, e outros. Importantes instituições médicas, como American College of Sports Medicine e o American Heart Association, recomendam o treinamento de força muscular e de melhora do condicionamento aeróbico para idosos, devido aos seus comprovados benefícios osteomusculares, redução da pressão arterial, do colesterol, glicemia, triglicérides e com consequente redução das doenças cardiovasculares. “A arte marcial é uma atividade física que, além de promover exercícios de força muscular e condicionamento aeróbico, reduz esses fatores de riscos para as DCVs.”
De acordo com o cardiologista, os cuidados para começar nas artes marciais são os mesmos para todo idoso que queira iniciar qualquer atividade física. “Uma avaliação pré-participação esportiva, onde serão verificadas doenças pregressas e atuais, uso de medicamentos e das doenças musculoesqueléticas. Entre os exames complementares, o mais importante é o teste ergométrico. Assim, o médico prescreverá a atividade física segundo o condicionamento cardiorrespiratório, a força muscular e a flexibilidade.”
Cristiano diz que a arte marcial pode contribuir com a longevidade, uma vez que estimula os hábitos saudáveis, como a redução do estresse e o desenvolvimento de recursos mentais, levando à compaixão e à sabedoria. “Pesquisas indicam que a redução do estresse mental e a atividade física podem alterar a expressão de seu código genético, em especial a reconstrução dos telômeros, componente dos genes atribuídos à longevidade.”
Mantenha-se em movimento
Seja qual for a atividade física, será sempre bem-vinda em qualquer momento da vida. É o que diz o geriatra e gerontólogo Antonio Roberto Casarões, com mais de 40 anos de medicina. E a indicação é cada um optar por aquela que mais se adequar ao seu estilo. “Não é a pessoa que se adapta ao exercício. O ideal é fazer o que tem aptidão, condição, interesse e prazer”, ensina.
O médico alerta que as contraindicações vão depender da proposta de cada atividade. “Até uma simples caminhada pode ser contraindicada se a pessoa tiver, por exemplo, desgaste de articulação. Nesse caso, a caminhada passa a ser uma agressão. Ou quem tem um processo de desgaste de artrose no joelho, o melhor é procurar uma atividade aquática, por causa do baixo impacto.”
Geriatra e gerontólogo, Antonio Roberto Casarões defende a adoção das artes marciais como um modo de vida (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Geriatra e gerontólogo, Antonio Roberto Casarões defende a adoção das artes marciais como um modo de vida
O geriatra enfatiza que, “se a pessoa reúne interesse e aptidão física por um tipo de arte marcial, não vejo nenhum inconveniente. Aliás, pelo contrário. Os benefícios são muitos e não só como atividade física, mas fará bem para a respiração, bem-estar, flexibilidade, postura, equilíbrio e contribuirá até com a memória. As artes marciais podem ser adotadas como um modo de vida”.
Como para qualquer exercício ou prática esportiva, independentemente da idade, toda pessoa precisa passar por uma avaliação médica antes de começar a se exercitar. Antonio Roberto ensina que “o objetivo não é nos tornarmos atletas, mas nos mantermos em movimento, capazes, sem limitações e com autonomia”.
Evolução e flexibilidade
O professor Rômulo Lagares, dono da BuTokuDen Aikido, explica que, de forma geral, podemos entender as artes marciais como sendo flexíveis ou duras, variando de intensidade entre um extremo e outro. “Dentro de cada estilo, podemos ver que existirá uma evolução em direção à flexibilidade. Analogia interessante é observarmos a fluidez e a flexibilidade como características da vida saudável, seja de plantas ou pessoas, enquanto algo seco, duro e quebradiço nos remeta a algo definhando e morrendo. Os estilos mais duros não preservam a saúde, a não ser que o praticante supere essa condição e evolua em direção à flexibilidade”. Abaixo, ele define algumas delas:
» Caratê: normalmente, estilo duro, em linha, com golpes de pancada, principalmente, utilizando as pontas do corpo (pés, mãos, cotovelos, joelhos etc.).
» Aikido: arte marcial no sentido clássico, porque não foi transformada em esporte de competição. Seu fundador, Morihei Ueshiba, foi contemporâneo de Jigoro Kano (fundador da arte marcial judô). É o extremo da flexibilidade das artes marciais japonesas, fisicamente baseada em movimentos circulares, o que torna a prática leve e saudável. É a filosofia de preservação da dignidade humana transformada em gestos. Treina-se por meio da cooperação. Física e estrategicamente, sua especialidade é harmonizar conflitos e, esteticamente, é flexível, fluida, circular, com projeções, rolamentos e imobilizações além de desenvolver a consciência corporal.
» Jiu-jítsu: termo genérico para designar todas as artes marciais japonesas sem armas. Posteriormente, foi adotado como nome do esporte brasileiro, criado a partir das técnicas japonesas, pela família Gracie. Jiu “suave”, Jítsu, “arte”. Hoje, é uma luta flexível, sem pancadas, agarrada e especializada no “chão”, cujas características são alavancas, para forçar as articulações, imobilizar e estrangular.
» Kung fu: termo contemporâneo para designar o antigo boxe chinês. Registro formal mais antigo de artes marciais da história. Ao longo dos anos, ele se diversificou e desdobrou em incontáveis formas e estilos. A princípio, seria um estilo duro, em linha, com pancadas aplicadas com as extremidades do corpo contra os pontos vulneráveis do oponente. Mas há estilos bem flexíveis.
» Tai chi chuan: tido por muitos como uma evolução do kung fu, é elegante, leve e flexível. Sem aplicabilidade prática em combate, é uma atividade muito saudável para o corpo e para a mente. Para praticantes experientes em estilos mais objetivos durante a juventude, o tai chi chuan conferirá grande poder. Nesse sentido, é dito se tratar do ápice das artes marciais chinesas.
Aprendizado constante
Ao pensar nas artes marciais, muitas vezes, a força física é a primeira ideia. Mas há qualidades mais importantes, como a energia e seus princípios. O desenvolvimento de ki (parte filosófica do aikido) é treinado por meio de movimentos práticos, semelhantes ao aikido, mas sem atacar e defender. Mais leve. É o desenvolvimento de uma técnica de não conflito consigo mesmo. Aos 51, a pedagoga e professora aposentada, dona de casa e mãe Eni de Oliveira Fantini procurou outra atividade para realizar na vida. Formou-se em artes plásticas pela Guignard, mas sabia que não era seu caminho, pois buscava um lugar com menos competição. “Precisava de algo físico, com movimento. Experimentei ioga e tai-chi-chuan, até chegar ao ki aikido e ao desenvolvimento de ki, onde me encontrei e não saí mais.”
De aluna, Eni Fantini chegou a sensei e foi até presidente da sociedade, agora extinta. Hoje, aos 80, ainda dá aulas e segue a lição que recebeu de um de seus mestres. “Se tem limites físicos, como artrose e dor no joelho, nada disso é empecilho para continuar, porque há outras práticas para ensinar e fazer, como respiração, meditação e os movimentos em pé.” Assim, ela segue no caminho onde se encontrou. Coordenar mente e corpo e melhorar a qualidade de vida não só sua, mas do outro, em parceria.
LIÇÕES
A sensei explica que a beleza e os benefícios do desenvolvimento de ki estão na forma de praticar. “Nós o fazemos sempre com o outro, dentro de um relacionamento, um aprendizado constante de como lidar com as pessoas.” Eni acredita na força da vida e, para quem se assusta com as artes marciais, quem tem medo das quedas e rolamentos, de não dar conta, avisa que é preciso encontrar um mestre que tenha cuidado, respeito e saiba lidar com as inseguranças.
Com seis filhos, 11 netos e superativa, a sensei Eni enfatiza que, entre tantas lições que aprendeu e continua a aprender com o desenvolvimento de ki (ou ki aikido) e com o aikido, uma das principais é que “cada um é responsável pela sua própria segurança e pela segurança do colega. Se for dar um golpe e o colega não sair do lugar, é preciso ser capaz de atacar e parar o ataque”.
Todo o amor e respeito que Eni tem pelas artes marciais, ela traduz num ditado que sempre fala para seus alunos e agora compartilha com todos: “Se você for para seu centro, vai encontrar tempo livre, mesmo estando ocupado”.
Matéria publicada no site Uai

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