O objetivo do exercício físico no processo de Treinamento Desportivo é proporcionar a quebra do equilíbrio dos sistemas corporais para que graças ao mecanismo de ajustamento e supercompensação ocorra o aumento da aptidão física do praticante. O componente da aptidão física que será estimulado depende da sinalização hormonal, metabólica e molecular imposta pela carga. Por sua vez, a carga é controlada pelo volume (quantidade) e intensidade (qualidade) do treinamento. No caso do treinamento de força, a principal alteração funcional que ocorre no organismo do praticante é o aumento da força muscular, enquanto a principal alteração morfológica é a hipertrofia muscular.
Para aumentar a aptidão física de indivíduos pouco treinados, como é o caso dos iniciantes, a estratégia de prescrição da carga não é difícil de ser traçada. No entanto, para indivíduos treinados se faz necessária metodologia mais apurada. Vale a frase: ”Quanto mais treinado, menos treinável”.
Por isso, ao longo das últimas décadas, treinadores, atletas e cientistas do esporte, envolvidos com o Treinamento de Força, desenvolveram métodos de treinamento com objetivo de alcançar intensidade e volume de carga elevada o suficiente para proporcionar aumento de força e hipertrofia muscular em praticantes altamente treinados. Grande parte desses métodos surgiu no leste europeu, na época da instinta União Soviética, importante referência na história da Metodologia do Treinamento Desportivo. Dentre eles podemos citar as pirâmides crescente e decrescente, super séries, série decrescente (drop set), série negativa, repetições forçadas, série gigante, pausa descanso, 6/20, contração de pico, repetições parciais e outros.
Esses métodos buscam potencializar ao máximo o gasto energético do exercício proporcionando alta sobrecarga metabólica que proporciona o aumento das reservas de creatina fosfato, glicogênio e água armazenada no sarcoplasma da fibra muscular (hipertrofia sarcoplasmática). Outro objetivo importante é recrutar o maior número de fibras musculares, gerando alta produção de tensão (sobrecarga tensional), levando ao aumento do conteúdo de miofibrilas por fibra muscular (hipertrofia miofibrilar). Esses métodos devem ser distribuídos, de forma estratégica, ao longo da Periodização da temporada de treinamento para através do Princípio da Variabilidade potencializar os resultados.
Vale destacar que apesar das pesquisas científicas sobre o tema não serem abundantes, tais métodos têm sido utilizados por treinadores e atletas de alto rendimento à muito tempo e essa experiência prática merece respeito. Bons treinos e sucesso em seus objetivos!
DILMAR P. GUEDES JR.
Dilmar é Mestre em Ciências pela UNIFESP; Especializado em Treinamento Desportivo e Musculação pela UGF e Fisiologia do Exercício pelo CEFE-UNIFESP.
Matéria publicada pelo site Fitness Brasil