Tai chi chuan pode ser alternativa para a reabilitação cardíaca

Pesquisa realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre avaliou benefícios da técnica.
O significado da expressão tai chi chuan já sugere o que a prática de origem chinesa oferece a seus adeptos: “caminho para a grande realização”. Com o entendimento de que o equilíbrio entre corpo, mente e espírito integra uma vida feliz e saudável, a atividade estimula o praticante a adotar hábitos benéficos que visam a qualidade de vida. Uma pesquisa realizada pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre descobriu mais uma vantagem da técnica: ela pode ser uma grande aliada de quem se recupera de um problema cardíaco.
Motivada pela própria experiência, a profissional de educação de física do Serviço de Fisiatria e Reabilitação do Hospital de Clínicas e aluna da modalidade, Rosane Nery, investigou o tai chi chuan e mostrou que a prática proporciona a pacientes pós-infarto uma recuperação semelhante à reabilitação tradicional, que envolve exercícios localizados e aeróbicos de nível leve a moderado. Os resultados do estudo foram publicados recentemente no American Heart Journal, periódico norte-americano especializado em trabalhos sobre a saúde do coração.
A análise foi realizada com 61 voluntários que haviam sofrido infarto do miocárdio não complicado cerca de três semanas antes do início da avaliação. Os pacientes foram divididos em dois grupos: o primeiro praticou tai chi chuan e o segundo realizou alongamentos, ambas as atividades ministradas por professores no Hospital de Clínicas, três vezes por semana.
Além de terem realizado uma bateria de exames antes e depois do período de atividades, os voluntários tiveram a pressão arterial e a frequência cardíaca monitoradas durante as aulas. Os médicos também acompanharam a ingestão de medicamentos pelos pacientes.
Após três meses de aulas, Rosane concluiu que os voluntários que fizeram tai chi chuan melhoraram em 14% a capacidade funcional (aeróbica), enquanto o segundo grupo não apresentou diferença em relação ao início do programa.
Rosane acredita que a prática pode ser uma atividade complementar ao tratamento desses pacientes, já que não há contraindicações e a técnica é de fácil adaptação.
— Além de benefícios para recuperação cardíaca, os voluntários do estudo relataram outros ganhos associados à qualidade de vida como controle do estresse, mais concentração e melhora na capacidade respiratória — relata Rosane.
Instrutor responsável pelas aulas de tai chi chuan realizadas para a pesquisa, Sérgio Queiróz afirma que, além de ser benéfico para a condição física, imunológica e motora, o método também favorece o equilíbrio das estruturas mental, emocional e energética.
–  A prática tem como apoio a coluna vertebral e todas as coisas ligadas a ela. Se a nossa coluna não estiver no eixo, tanto os aspectos físicos quanto os emocionais também não estarão bem — destaca o professor, que ministra aulas há 35 anos.
Segundo Queiróz, o exercício pode ser feito por qualquer pessoa que não apresente lesões ou complicações que dificultam a realização das atividades. Em poucas aulas, o aluno já pode estar apto para executar os movimentos de forma apropriada.
Rosane acredita que o tai chi chuan também pode ser vantajoso para pacientes que se recuperam de outras doenças. A especialista pretende, mais adiante, ampliar os estudos na área e abrir espaço para que a prática seja adotada também dentro do ambiente hospitalar.
— Com a ampliação do setor de reabilitação cardíaca do hospital, queremos implementar a técnica juntamente a outras atividades oferecidas a esses pacientes — acrescenta.
Matéria publicada no site XH Bem-Estar
 

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